sábado, janeiro 13, 2007

O que Trish fez - Capítulo 9 (Faça, Trish)

Um vento ruidoso invadiu o grande salão principal da casa dos Redmore. Trish estava ajoelhada de frente para sua mãe, ainda não acreditando no que precisava fazer para dar um fim a todo o pesadelo que assolou aquela família. A tarefa era dolorosa demais para ser cumprida. A jovem não estava disposta a fazer o que era necessário.
- Mamãe! Você está louca?! Nunca irei fazer isso! – disse Trish, abraçando a mãe aos prantos.
- Trish...você precisa, meu amor...é o único jeito...e precisa ser rápido, a mensageira não ficará longe por muito tempo...faça Trish! Faça!
- Não! – Trish começava a correr, rumando a porta principal da casa. Mas algo a impedia de sair: Marla
- Trish, não temos muito tempo...por favor!
Robertha apanhou o punhal e colocou contra sue peito. Em seguida, agarrou as mãos da filha e colocou sob o objeto. Trish estava paralisada, não tinha forças para reagir e muito menos para cumprir aquele macabro objetivo.
- Faça, Trish...faça!
- Eu...não...posso
Nesse momento, a sala voltou a ter contornos escuros. Um ar pesado novamente tomou de assalto o local, quando se ouviu a voz da mensageira mais uma vez.
- Gótica patética...sequer se propõe a fazer um sacrifício para salvar sua ridícula família...
- Faça, Trish! – repetia Robertha.
- Indecente o pensamento de tentar salvar alguém. Você é fraca, não consegue. Nunca conseguirá...eu sou mais forte, sempre fui, e sempre serei...não irá conseguir nunca!
- Faça, Trish!
A cena era a pior possível. Robertha mantinha o punhal na alutra de seu peito, e as mãos da jovem lá também, mas não fazia força nem menção de cravá-lo e matar a mãe. A voz de Marla se fazia cada vez mais próxima, parecia estar tentando voltar ao domínio da situação. Trish começou a tremer. Sentia que algo de muito errado estava acontecendo, e que teria de escolher um caminho. Qualquer um que tomasse a levaria para uma estrada sem volta. Ficaria sem família por um lado, e por outro, colocaria a vida de muita gente em risco. Ela precisava agir, e logo.
- Você é fraca, gótica! – disse Marla
- Faça Trish, eu te amo! – repetia Robertha
- Nunca foi capaz de ser alguém na vida e não vai ser agora!
- Vamos Trish, não temos muito tempo!
- Colocou tudo a perder, Trisha Redmore! Você odeia que falem seu nome completo não é, Trisha?
- Faça Trish, não há mais tempo
- Não vai fazer não, ela é fraca demais...
Trish, finalmente, tomou a sua decisão.
- Me descupe mamãe...eu te amo e sempre te amarei.
A jovem Redmore cravou o punhal com toda força no peito da mãe. Robertha não conseguiu esboçar nenhuma grande reação. Apenas sorriu. Sabia que a filha tinha tomado o caminho certo. A sala principal toda explodiu em uma luz branca que fazia doer os olhos. Tudo ficou claro, e nada mais se via por alguns minutos. Quando a vista se acostumou, Trish viu que tudo voltava ao normal. A porta estava intacta, não havia marcas de destruição pela casa. Robertha não estava ali, muito menos Marla. Havia acabado. O pesadelo estava no fim. Porém, quando finalmente sentiu sua consciência voltar ao normal, viu algo totalmente errado. Estava vendo a si mesma parada, de frente para a porta principal. Não se mexia, não falava nada. O que estava aconecendo? Era como...era como se Trish estivesse vendo a si mesma por uma câmera de vigilância. A imagem de seu corpo ia se afastando, ou melhor, Trish se afastava dela mesma. Tentou gritar, mas não saiu som. Quando não conseguia ver mais, parou de sentir qualquer coisa. Um vento sobrenatural tomou conta da casa dos Redmore novamente. Uma risada sombria preenchia o ar e uma voz maiúscula e distorcida saia da jovem Trish.
- Obrigado, gótica. Você terminou o serviço.