segunda-feira, dezembro 25, 2006

A Pizza do Faustão!

Faustão começa o programa e anuncia a atração:
- Olha aí hein, brincadeira! Mais do que nuuuuuuuunca, temos aqui uma mesa recheada de feras para comer a “Pizza do Faustão”, olha aí!
Um após o outro, os convidados vão se apresentando, mas não falam os nomes:
- “Beu abor”, eu não preciso estar nesse programa ‘chinfrim’ que esse gordo suado faz para ter audiência. Eu faço a minha própria audiência. Eu sou a audiência. Desafio a todos os telespectadores a dizerem uma pessoa que seja mais inteligente e mais perfeita para a televisão do que eu. Conseguiram? Claro que não! O resultado de eu ser tão maravilhoso e melhor que todos é que, no ano que vem, estarei em Brasília, vou lá para um gabinete muito chique fazer o que eu melhor faço: nada
- Pois eu dispenso apresentações. Não preciso nem dizer que eu fiz e o que farei por São Paulo. Eu fiz tudo nessa cidade, e continuarei fazendo. Fiz tanto, que fui preso recentemente. Graças a Deus o povo brasileiro é besta a ponto de nunca lembrar desses pequenos deslizes, que não fazem mal a ninguém. Imagina, ser preso. O que isso tem de errado? Agora eu estou de volta e farei muito mais por São Paulo! Quem sabe eu não volto pra cadeia e sou reeleito?
Faustão, claro, interrompe as apresentações para falar:
- Olha aí hein! Essas feras, tanto no profissional quando no pessoal, são pessoas que já passaram por tudo em suas vidas e tão aí pra provar que o que fala mais alto atualmente é o poder! Ô louco meu!
As apresentações continuam
- Au! E eu fiz a minha vida! Au! Além de um forrozeiro de quinta, agora tô em Brasília também! Au! Mas não importa, afinal, tudo que tiver de ruim por lá é só “lavar que tá novo”. Au!
- Pois eu e minha turma não fizemos nada. O povo brasileiro que é muito recalcado! Estão com raivinha de nós só porque ganhávamos uma merecida mesadinha em Brasília! Ou vocês acham mesmo que é absurdo que nós, políitcos engajados nas lutas sociais, somos ricos? Merecemos ganhar uma graninha, ora pois! É um absurdo o que estão fazendo conosco. Ah, sim, eu quero uma fatia de pizza bem queimadinha...
Faustão interrompe mais uma vez as apresentações, ao ver que um dos convidados está saindo no meio do programa
- Ô louco meu, você vai onde? Mais do que nuuuuuuuuuuuuuunca isso aqui é ao vivo, e você nem se apresentou! Não vai comer nenhum pedacinho de pizza?
O convidado apenas responde:
- Não. Nessa mesa eu não tenho a mínima condição de ficar.
- E porque não? – Responde Faustão.
O jovem rapaz dá um sorriso e conclui:
- Por que eu me chamo senso do ridículo. E nenhuma dessas pessoas daqui parece me conhecer muito bem...

sábado, dezembro 09, 2006

O último episódio de “Chaves”?

Como seria o último episódio de “Chaves” escrito por um sádico? Assim?

(CHAVES ENTRA PULANDO CORDA)
Chaves: Vinte e três, vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis...

(SEU MADRUGA SAI DE CASA E FICA PRESO NA CORDA DO CHAVES)
Chaves: Vinte e seis... vinte e seis...
Madruga: Tinha que ser o CHAVES de novo!
Chaves: Foi sem querer querendo!

Madruga: (IMITANDO CHAVES) Foi sem querer querendo... Sai da frente!
(EMPURRA CHAVES, VAI EM DIREÇÃO À PORTA DE DONA FLORINDA)
(MADRUGA BATE NA PORTA, KIKO ABRE) Kiko, faça o favor de chamar sua mãe.

Kiko: Da parte de quem?
Madruga: Ora, como da parte de quem, da minha!
Kiko: Minha mamãe não está, ela saiu com o professor Girafales.
(KIKO APONTA PARA A SAÍDA DA VILA)
Mas olha, ali vem ela...

(FLORINDA E GIRAFALES ENTRAM JUNTOS, UM OLHANDO PARA O OUTRO)
Madruga: Com licencinha, com licencinha...
(SE APROXIMA DE FLORINDA).
Madruga: Dona Florinda, preciso falar com a senhora urgentemente.
Florinda: Mas o que é que esta gentalha quer justo agora?
Madruga: É justamente isso, Dona Florinda. Estou cansado. Cansado de ser espancado pela senhora. Cansado de ser tratado como lixo. Cansado de receber bofetadas que não mereço. Eu não sou gentalha. A senhora é gentalha. Minha vida se tornou um inferno. A culpa é sua, dona Florinda. A senhora vai pagar com a vida, Florinda. Com a vida!
(MADRUGA SACA UMA ARMA)
(KIKO VOA EM DIREÇÃO À ARMA, USANDO CHROMA KEY)
Kiko: Nããão!!

(MADRUGA DISPARA. KIKO SALVA FLORINDA MAS É ATINGIDO PELA BALA)
Florinda: Tesouro!!
(FLORINDA E GIRAFALES TENTAM ANIMAR KIKO, QUE SANGRA SEM PARAR NO CHÃO)
Madruga: Foi... Foi um acidente... Eu não queria matar o garoto! Eu..Eu juro! Não posso mais viver nesse mundo cruel! A morte me espera!
(MADRUGA ATIRA CONTRA A PRÓPRIA CABEÇA, O CRÂNIO EXPLODE, CÉREBRO E SANGUE JORRAM SOBRE O PÁTIO DA VILA)

Kiko: (MORRENDO) Eu... Consegui... Salvá-la... Seja... Feliz... Mamãe... (MORRE)
Florinda: (EM PRANTOS) Nãããão!!! Por que, Senhor?! Por que me amaldiçoaste com essa desgraça!? Primeiro meu marido, agora meu filho! Tudo culpa dessa.. dessa gentalha!
(INSANA, SALIVANDO, CHUTANDO O CADÁVER DE MADRUGA)
Florinda: Gentalha... Gentalha! Pfft!
Girafales: (ACALMANDO FLORINDA) Acalme-se dona Florinda, não podemos fazer nada. Só nos resta jogar os corpos no poço do outro pátio... Antes que o seu Barriga chegue.

(SENHOR BARRIGA APARECE) Barriga: Tarde demais. Já estou aqui. E pude ver tudo. Eu sabia que um dia isso aconteceria. Eu percebi que as pessoas dessa vila eram como bombas-relógio emocionais, e que mais cedo ou mais tarde a bomba iria explodir, e o sangue dos inocentes iria jorrar. Eu liguei para a polícia, eles estarão aqui em breve.

(CHIQUINHA APARECE)
Chiquinha: Ei Chaves, vamos brincar de barquinhos de papel? Eu tenho um bar.... . Senhor misericordioso, esse cadáver... Chavinho... Esse cadáver é do meu papai?
Chaves: (BALANÇANDO A CABEÇA DIZENDO NÃO) Sim.
(CHIQUINHA COMEÇA A CHORAR)
Chiquinha: Uáááá, uáááá... Eu... Vou... Contar tudo... Pra minha bisavó... Vou falar... Que me bateram... E que me chutaram... E que explodiram a cabeça do meu papai... E que me deixaram órfã!
(CHORANDO MAIS AINDA)

(DONA CLOTILDE SAI DE SUA CASA PELA JANELA. SEU CORPO ESTÁ EM CHAMAS) Clotilde: Acidente! Acidente doméstico! Fogo! Fogo! Queimando minha carne! Me ajudem! (CLOTILDE MORRE CARBONIZADA EM PÉ MESMO. NINGUÉM NEM OLHA PARA ELA)

(A POLÍCIA CHEGA)
Barriga: Finalmente vocês chegaram. Levem todos. Todos, menos aquele ali (APONTA PARA CHAVES), ele não tem culpa de nada.
(A POLÍCIA, INTERPRETADA POR FIGURANTES DA ESCOLINHA, LEVA TODOS COM EXCESSÃO DE CHAVES)

(BARRIGA ESTÁ SOZINHO COM CHAVES)
Barriga: Chaves... Eu... Eu não sei como lhe dizer isso... Eu estava esperando o melhor momento para lhe contar... Mas agora não vai mais fazer diferença... O seu Madruga... O seu Madruga é seu verdadeiro pai.

(MÚSICA TRISTE NO FUNDO. UMA LÁGRIMA CAI PELO ROSTO DE CHAVES)
Barriga: Seu Madruga nunca tinha dinheiro para me pagar porque ele me pagava para eu deixar você viver na vila... Ele pedia para que eu não contasse nada a você... Ele se deliciava torturando você... Deixando você passar fome e frio... Aquele monstro, fazendo isso com o próprio filho... Eu... Sinto muito Chavinho. Você não pode ficar mais na vila. Vou demolir esse lugar para construir um bordel.

(A ILUMINAÇÃO DIMINUI. A MÚSICA TRISTE AUMENTA. CHAVES PEGA UMA TROUXINHA COMEÇA A ANDAR DE CABEÇA BAIXA PARA FORA DA VILA)
Barriga: Ei Chaves... Até a vista, Chaves...
(CHAVES SE DESPEDE ABRINDO E FECHANDO A MÃO, E VAI EMBORA)

(BARRIGA DEITA-SE NO CHÃO E COMEÇA A CHORAR)
Barriga: O que foi que fiz... A ganância me corrompeu e fez de mim esse homem mesquinho e sem honra que sou hoje... O mundo seria melhor se eu não existisse... Ó Deus, mata-me!
(UMA PEDRA DE ISOPOR CAI DO CÉU SOBRE SEU BARRIGA. MUITO SANGUE SAI DE SUA BOCA)
Barriga: Fui... Atingido... Por... Uma pedra! (MORRE)

Apenas a voz do seu Madruga: AEROLITO! AEROLITO!

(CLAQUE DE RISADAS. APLAUSOS.)